quinta-feira, 5 de abril de 2012

20# Crônicas Nipônicas: A Nota Fiscal

Yokohama, 30/03/2012.

Aportei no Japão há 4 anos, no dia 27 de maio de 2008, uma terça-feira. Completamente desorientada sobre a diferença dos valores das coisas, acostumada a pensar em reais ainda, me lembro como se fosse ontem a primeira vez em que estive em um supermercado japonês, poucos dias após minha chegada. O meu então marido na época, que no Japão havia chegado 1 ano antes - e portanto muito bem acostumado com a vida daqui; me deixou livre, leve e solta no mercado, tal qual uma criança numa loja de brinquedos, com passe livre para colocar o que quisesse dentro do carrinho de compras. Não só isso, ainda me mostrava os produtos e dizia "Isso aqui é legal, leva!", "Olha, um creme para a pele, é bom para você, leva!".
E assim, com tantas coisas diferentes, interessantes, coisas que nunca havia visto na vida, além das necessárias para o dia-a-dia, foi impossível não encher o cesto até a boca. Sim, eu estava animada (e confesso, até tonta, literalmente! A diferença de fuso devia estar pesando um pouco...), estar naquele país das maravilhas de uma dona-de-casa era um sonho, mas o problema seria a hora de pagar, e nisso acho que eu deveria ter sido avisada.... Final da brincadeira, uma conta de 12 mil ienes(!!), equivalentes a cerca de 145 dólares (já que comparar com o real tem prazo de validade bem curto...). Meu sonho consumista mal foi realizado e logo tornava-se um pesadelo! Como o dinheiro para pagar quem desembolsou fui eu, dinheiro que eu trouxe do Brasil, esse fato ficou bem marcado na minha mente (e dolorido no meu bolso!).

30 de março de 2012, quase 4 anos após este episódio. Muitas coisas mudaram desde aquele dia em que foram gastos inutilmente 12 mil ienes no mercado. Já não vivo mais naquela vizinhança, na realidade me mudei umas 3 vezes desde então; muitas coisas novas chegaram, outras foram embora, e muitas mais irão, pois estou me preparando para a 4ª mudança - ou melhor seria dizer retorno. Após 4 anos estou arrumando minhas coisas para partir, voltar de onde vim, estou empacotando tudo rumo ao Brasil. E foi no meio dessas arrumações no meu atual apartamento, quando ia limpar um canto empoeirado do quarto, que encontrei um papel dobrado. Eu o peguei, desdobrei e dei de cara com uma nota fiscal enorme. Enorme não, enoooorme. Olhei o valor dela, 11,783 ienes. "Nossa, de onde isso? Quando que eu gastei tanto dinheiro assim nos últimos dias?" me perguntei. Olhei de onde era, "Aeon" estava escrito. "Hum, estive em um Aeon em janeiro, antes do aniversário do meu filho, comprei algumas coisas para a festa dele... mas tanto assim?? Não é possível, cadê a data dessa compra? Não gasto esse valor em um mercado há séculos, acho que desde... 2008!!?!?! " Corri os olhos para o rodapé e encontrei ali, como de praxe, data, hora, dia da semana.... E as provas não negaram: 2008/05/29 - quinta-feira. 2008. Dois mil e oito! Maio! Dois dias após eu chegar no Japão! Quase 12 mil ienes de conta! Pronto, não precisei pensar muito, era a nota fiscal do fatídico dia. Estupefata, eu olhava aquela nota tentando entender como aquilo conseguiu resistir inteiro a tanto tempo, a tantas mudanças, e foi reaparecer no exato momento em que estou indo embora, mas não dentro de uma gaveta, guardadinho, como que indicando que eu resolvi guardar como lembrança mórbida do dia em que fiquei 12.000 ienes mais pobre a troco de besteiras como chocolates e biscoitos; não, apareceu jogado no chão, perto do cesto de roupas sujas, esperando o destino certo que era uma lixeira no dia em que eu fosse limpar aquele canto. Bem, o destino certo para qualquer outra nota fiscal, não para essa. Depois deste dia, ao reaparecer das cinzas trazendo de volta tal momento da minha vida, acho que vou reservar um espacinho para ela em uma das caixas que levo para o Brasil, junto com tantas outras notinhas e bilhetes carregados de boas (e às vezes nem tão boas) lembranças destes 4 - ora maravilhosos, ora difíceis, mas inegavelmente inesquecíveis anos de Japão.

terça-feira, 3 de abril de 2012

19# A volta dos que não foram (ainda)

Como uma eterna constante em meus posts, começo este também pedindo mil desculpas pelo longo tempo sem escrever nada! >.< Pior que eu comecei a escrever várias vezes, mas para cada post necessito de umas 2 horas no mínimo de dedicação, e quando se está muito ocupado fica difícil parar tudo para escrever em um blog (não que eu não goste, mas como eu disse antes, precisa de dedicação!). Pois bem, este post é curto e diferente dos anteriores. Ele é um anúncio aos meus 6 leitores (e internautas desavisados que porventura caiam aqui): brevemente terei de deixar a Terra do Sol Nascente e estarei de volta à patria amada, Brasil. Mas calma, não se desesperem, não pretendo abandonar o meu blog (que já tem cara de abandonado, mas NÃO, ele não está! =P ) O que não falta é assunto sobre o Japão, e digamos que nesses 4 anos em que vivi aqui pude acumular muita informação, além das histórias do gênero "só acontecem comigo!". Aproveito para contar uma novidade também, a "seção" que estreiará a partir do próximo post, o "crônicas nipônicas", que tratará de pequenas histórias ocorridas com esta que vos fala. Pretendo intercalar os posts no estilo dos que eu venho postando desde o começo com as pequenas crônicas que vão surgindo no meio do caminho, sempre que a bendita inspiração resolve dar o ar de sua graça. Então é isso! Até o próximo post! Mata né! (*até logo) ^__^

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

18# A resposta tarda mas não falha! - Respostas da tia Veru 2


Ok, eu confesso, tinha me esquecido de responder a isso aqui! XD Sem mais delongas, aí vão as respostas às perguntinhas que vocês me fizeram:

1.   "Aí tem tanta notícia de violência quanto aqui?"

R: Veja bem, estamos no Japão, que é outro país, e não outro planeta. Apesar de serem japoneses, os habitantes desde pequeno país insular ainda são humanos (salvo alguns robôs e personagens de animes), portanto não diferem muito dos exemplares que temos no Brasil. Sendo assim, obviamente que aqui há tantos crimes quanto aí, mas acredito eu que em escala bem mais reduzida, por N motivos que não vêm ao caso agora especular... Quanto ao noticiário, eles mostram os crimes que ocorrem aqui sim, e eu já reparei que ao contrário das notícias superficiais que vemos nos noticiários brasileiros, aqui eles são capazes de ficar UM PROGRAMA INTEIRO falando praticamente do mesmo assunto. Tão divertido.... -_- zzz
Como eu não tenho saco para os noticiários nem daí e nem daqui (muito menos dos daqui), creio que só posso informar isso.

2. "Dá para andar de madrugada pelas ruas sem sentir que pode morrer na próxima esquina? T__T"

R: Sim, dá, a sensação de segurança daqui é infinitamente maior do que a daí (até porque a daí é nula, neah.) Claro que uma vez carioca, sempre carioca, então não vou dizer que eu ando tranquilona porque já estou programada a ficar com as antenas ligadas, aliás, acho que é melhor nem desprogramar, senão posso ter sérios problemas no dia em que eu voltar para a Cidade Maravilhosa. Outra coisa é que apesar de mais seguro, não é 100% seguro, como certamente nenhum canto do mundo deve ser. Eu fico mais atenta mesmo é nas estações de trem, aqui não tem quase assaltante, mas tem os doidos de plantão que nunca se sabe quando podem te empurrar nos trilhos, ou te atacar com um guarda-chuva. É sério.

3. "Como reconhecer uma esquina perigosa no Japão?"

R: Acho que não tem como reconhecer isso, até porque eu mesma nunca vi uma esquina assim, perigoooosa no Japão... não é que nem no Brasil que se você errar uma rua vai parar no meio da favela. Se bem que na minha primeira viagem ao Japão, quando eu não sabia de nada direito, fui andando com minha mãe e meus tios pelas ruas sem ermo, e de repente notamos ao nosso redor umas mulheres muito maquiadas, com roupas estranhas, paradas em frente à portas abertas de casas escuras... acho que fomos parar no meio de uma zona, hehehe XD Mas normalmente as ruas aqui são seguras, e é tudo muito igual, para falar a verdade. Uma coisa que talvez assuste aos marinheiros de primeira viagem é que as ruas aqui são muito escuras, muito mal iluminadas. Ainda bem que são seguras, definitivamente ruas escuras assim no Brasil não iam prestar, infelizmente.

4. "E o transporte público, é só pra iniciados?"

R: Hahaha, se você olhar o mapa da malha ferroviária de Tokyo (só de Tokyo), com certeza vai achar que precisa de Ph.D. para tomar um trem! Mas não chega a tanto, na realidade aqui tem linha para qualquer lugar que você queira ir, é muito prático. No início é meio complicado sim, mas com o tempo a gente se acostuma. Claro que saber ler em japonês é uma mão na roda, mas mesmo quem não lê consegue se virar, pois há placas em nosso alfabeto, e até para comprar os bilhetes na máquina há a opção de fazer tudo em inglês. Já os ônibus... esses são meio chatinhos, pois muitas vezes há mais de um ônibus com o mesmo número, porém que vai para um destino diferente, muito esquisito isso. Mas como eu disse antes, os trens vão para tudo quanto é lugar, eu mesma quase não tomo ônibus aqui, o que acho ótimo, pois além de um pouco confusos, são super apertados (aqui é tudo compacto, né...).

5. "Como um estrangeiro começa a se virar aí?"

R: Cara... se virando! Depende de como a criatura veio parar aqui, se sabe alguma coisa da língua ou nada, mas se sabe inglês já ajuda (apesar de eles não falarem quase nada de inglês). Uma coisa é certa: morrer no Japão por falta de comunicação ninguém vai! Eles até que se esforçam para se comunicarem, e são muito prestativos. ^^

6. "E os japoneses, falam inglês?"

R: Eu meio que já respondi isso na questão de cima... Claro que sempre tem alguém que fale, afinal inglês não é klingon, mas é surpreendente como são poucos os que falam bem! A maioria arranha algo, mas arranha tão arranhado que quase não se entende nada! =P Sério mesmo, o inglês deles não é ruim não, é péssimo! Chega a ser engraçado algumas vezes, mas quando você está tomado pelo espírito do Seu Saraiva, a coisa fica tensa! =/ Olhem só esse vídeo aqui de um japonês tentando falar algo simples como "work" para o iphone4s dele... XD Só com essa pequena amostra dá para sentir o "drama"...
Mas isso eu acho que é algo cultural, alguém (certamente um alguém muito do imbecil, com perdão do palavreado) resolveu *achar* que dava para escrever inglês com as letras japonesas, os katakana. Acontece que os japoneses não têm em seu alfabeto todos os sons do inglês. O que eles resolveram fazer então? Adaptaram! Aí você vê aberrações como o título de "Senhor dos Anéis" (em inglês "The Lord of The Rings"), que escrito em katakana fica assim: "roodo obu za ringu" (ロード・オブ・ザ・リング). Oi? =P Isso também rende pano prá manga (manga, não mangá, otakinhos queridos!), falarei disso mais para a frente.

7. "As plaquinhas são só em japonês?"

R: Nem todas, algumas têm sua leitura em alfabeto romano (o nosso), outras têm o significado em inglês, e às vezes até em coreano e chinês, como é o caso dos nomes das estações. Em cidades com grande concentração de brasileiros é possível até encontrar placas em português, tipo "não estacione aqui". XD

8. "Os hostels no Japão são legais?"

R: Acredito que sim, pelo o que ouvi de pessoas que se hospedaram em alguns... Eu mesma nunca estive em um, então fico devendo essa informação por mim mesma, gomen né! XD (me desculpe!)

9. "Os caixas automáticos são seguros?"

R: Sim, são, tem gente que retira dinheiro até de noite. E nos bancos não há aquela porta giratória com detector de metais em que nós *sempre* ficamos presos, mesmo quando não temos nada de metal no bolso. Nada me tira da cabeça que são aqueles guardinhas sem nada para fazer que apertam a trava daquilo... ¬¬ Mas acredito que o detector de metais deva existir sim, nunca reparei... XD

10. "Onde se come barato no japão?"

R: Existem muitos estabelecimentos baratos, especialmente os de macarrão japonês estilo miojo (ou primo dele). Essas lojas estão por toda parte, muitas vezes dentro das estações, inclusive nas plataformas (sim, nas plataformas de embarque!!). Uma característica dessas lojas é que o cliente come em pé, com o prato no balcão, pois não há lugar para sentar (!). Outros restaurantes também baratos, e com um lugarzinho ao menos para sentar, são os que vendem o "gyudon", um pote de arroz com carne por cima. Pode-se chamar esse estilo de "fast food" nipônico, mas bem mais saudáveis que os fast food americanos, claro. Os 3 mais populares são os da rede Sukiya, Matsuya e Yoshinoya. Em 2010 abriu uma filial do Sukiya (meu preferido) lá na Liberdade, em São Paulo. Mas acho que o preço do Sukiya brasileiro não está tãão barato quanto o japonês.
Subindo um pouco mais o preço, porém ainda dentro da faixa do "em conta", também há os restaurantes conhecidos como "family restaurant", muito populares aqui. Alguns deles inclusive ficam abertos 24h, muito legal. Achei nesse site aqui um textinho sobre os family restaurants, só que em inglês.
E acho que como última opção há os "bentôs", as marmitas japonesas que são vendidas em muitos lugares, especialmente nas lojas de conveniência. Como os japoneses trabalham MUITO, a maioria não tem disposição para cozinhar, então uma alternativa é comprar esses pratos prontos, que costumam ser baratos.


11. "E as escolas, têm aqueles eventos legais que a gente assiste direto em animes? Tipo evento de esporte, de comida..."

R: Sim, tem sim. Olha, muito do que se vê em animes é a mais pura verdade, eles retratam bem o cotidiano japonês, isso eu acho super legal. Eu vou falar um pouco sobre isso em um post futuro, pois volta e meia tem um evento desses na escola do meu filhote. Os eventos esportivos são bem interessantes, mas caaaansam demais, pois duram o dia inteiro.


Bem, galera, espero ter esclarecido a vocês algumas de suas dúvidas cruéis sobre a Terra do Sol Nascente. Sintam-se a vontade para perguntar mais, ou aqui nos comentários, ou quando eu postar o "você pergunta, tia Veru responde (ou não) 3", dentro de alguns dias. =)


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

17# Yakusoku nado iranai! 約束などいらない!

Não, eu não estou xingando você. ¬¬ (sempre tem aquele engraçadinho que responde "é a mãe!") No post anterior eu falei sobre "promessas", e a palavra correspondente a "promessa" em japonês é "yakusoku" (約束). Aproveitando o gancho, é sobre isso que eu quero falar hoje!
Sempre que eu escuto essa palavra em japonês eu acabo me lembrando de uma musica veeeelha, de um anime chamado "Escaflowne". A música se chama "Yakusoku wa iranai" (eu não preciso de promessas), e em um dos trechos da música a cantora diz "yakusoku nado iranai" (eu não preciso de algo como uma promessa). É algo engraçado que me ocorre às vezes, palavras que viram links para músicas e/ou outras lembranças... Bem, com todo esse papo de "pagar promessas" eu acabei me lembrando dessa música, então não poderia deixar de citá-la neste tópico! ^_^

Mas não é nem sobre Escaflowne e nem sobre essa música especificamente que eu quero falar hoje, e sim de um costume muito peculiar que existe entre os japoneses, especialmente entre as crianças: a de fazer uma promessa.

Como assim, fazer promessas é costume?!? Bem, do mesmo jeito que alguns brasileiros costumam falar "eu juro por não-sei-que-lá", cruzam os dedos e até beijam eles 2 vezes, os japoneses têm a sua maneira de prometer alguma coisa. No caso deles, para garantir que essa promessa não será quebrada, eles fazem um "ritual" mais ou menos assim:

* As duas (ou mais) pessoas a fazerem a promessa cruzam seus dedos mindinhos, como na ilustração ao lado.
* Enquanto seus dedos estão cruzados, elas cantam uma "singela" canção para selar esse juramento.
* A canção é a seguinte: "Yubikiri genman, uso tsuitara hari senbon nomasu. Yubi kitta!" 「♪ 指切りげんまん。嘘ついたら 針千本 飲~ます。 指切った!」, e a tradução é essa coisa fofa aqui: "Promessa do dedo mindinho: se você mentir, te farei engolir mil agulhas e cortarei o seu dedo". Que *ótemo*, neah? E eu que achava que "a cuca vem pegar" era musiquinha de terror, o que dizer disso?!? =P

Falando em musiquinha de terror, vocês podem ouvir AQUI como é cantarolado o yubikiri genman. Isso me lembra tanto Fatal Frame 3... Tinha uma canção que dava muito medo, a Sleeping Pristess... mesmo sendo em inglês, a "essência" nipônica permaneceu nela, e depois que eu joguei esse jogo, toda e qualquer cantiga japonesa me dá medo! Aliás, depois desse jogo casas antigas à noite também me dão medo. E templos xintoístas também. XD

Mas voltando ao assunto, como metade dos leitores deste blog (ou seja, dos 6 leitores, 3) são estudantes de japonês, segue aí o vocabulário de yubikiri genman:

VOCABULÁRIO:

指 yubi - dedo
切り kiri - cortar, corte
拳 gen - fala-se 'guen', e sozinho esse kanji tem a leitura de “kobushi “, que significa punho (supostamente preparado para acertar alguém)
万 man - 10.000
嘘ついたら uso (fala-se 'ussô') tsuitara - se (você) mentir
針 hari - agulha
千本 senbon - 1.000 peças (de agulhas). Objetos longos e finos são contados com 本 (hon/bon/pon). É, japonês tem dessas frescuras (ou pesadelo, se você for estudante saberá o que eu estou dizendo!)...
吞ます(ou 飲ます) nomasu - fazer alguém engolir (alguma coisa)
指切った yubi kitta - dedo cortado (ou "cortou o dedo")

Em alguns casos as pessoas simplesmente enroscam seus dedos mindinhos e falam "yakusoku nee!" / "yakusoku desu!", sem cantar a musiquinha, pois como é algo conhecido isso já fica implícito no gesto. Certamente quem assiste anime já deve ter visto isso, pois sempre aparece uma cena assim, de personagens fazendo uma promessa com seus dedinhos. Se você não entendia o que era, agora já sabe!

Reza a lenda que até entre os yakuzas rola algo relacionado a esse "yubikiri". Se um yakuza trai os outros, ou larga essa vida de mafioso, ele tem seu dedo mindinho cortado de verdade... medo! O.O"

Por falar em medo, nas minhas buscas por material para melhor falar sobre o yubikiri genman, acabei descobrindo que existe uma versão em inglês dessa "promessa do dedo mindinho", o "pinky swear", cuja letra é páreo duro para a versão nipônica, acho até que consegue ser mais macabra ainda, vejam só: "Make a promise / Hope to die / Stick a needle in your eye". Tecla SAP meia-boca: "Faça uma promessa / Deseje morrer / Espete uma agulha no seu olho". Espero sinceramente que ninguém leia isso durante a noite, não quero ser responsável por pesadelos alheios.... (pior que eu estou escrevendo isso de noite, argh! >.<) Apesar de a canção parecer tétrica após ser analizada profundamente (precisa mesmo??), acho que ninguém realmente liga para a "gravidade" da coisa, assim como muita gente no Brasil nunca deve ter se tocado do teor de nossas cantigas de roda e de ninar. Eu particularmente acho todas péssimas, umas incitam o medo na criança (vide a já citada Cuca vem pegar e Boi da Cara Preta), outras são deprê (Fui no Tororó e O anel que tu me destes), e outras desconfio seriamente que surgiram na época da ditadura, dado a "delicadeza" das letras (Marcha soldado e Pai Franscisco entrou na roda). Na falta de cantigas decentes, acabei criando versões alternativas para o meu filho! Mas mesmo que ninguém realmente acredite que, caso não cumpra com a promessa, o outro vai cortar seu dedo fora e fazê-lo engolir MIL agulhas (isso se você não for um yakuza, claro), dar a sua palavra deveria ser algo levado a sério. Em outras épocas, inclusive, tratados e pactos eram firmados através de juramentos, guerreiros davam suas palavras, e a palavra de um homem representava a honra dele. Pequena observação - abre parênteses: Isso me lembra a trilogia "As Crônicas de Arthur", de Bernard Cornwell. Claro que isso não tem nada a ver com "yubikiri genman", a história se passa na Europa, em plena Idade Média, mas nessa obra é possível ver como era importante essa coisa de dar a palavra, e mantê-la, o que é mais difícil. Super recomendo a leitura! Fecha parênteses.

Porém, nos dias de hoje, as pessoas ligam cada vez menos para as promessas que fazem. Uma promessa séria, quando feita a alguém, é algo que tem valor. Mas quando ela não é mantida, magoa a quem foi feita a promessa, e abala a confiança existente entre essas pessoas.

Em outras palavras, acho que se você não tem a certeza de que pode cumprir com o prometido, é melhor não prometer nada! Mas se prometer.... que não seja para um japonês, pois vai que ele é da Yakuza?? (zoa!! XD)

E para terminar, um vídeo fofo de duas criancinhas fazendo o Yubikiri genman. Quem olha assim e não entende bulhufas de japonês até acha cativante a musiquinha, não? XD

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

16# A Pagadora de Promessas

Nem sei como começar este post, me sinto que nem aquela pessoa que disse "até amanhã!", mas acaba sumindo, não dá notícias há séculos, e quando finalmente aparece, vem com a cara mais lavada do mundo e diz, toda sorridente: "Oi! E aí? Beleza? ^^"... Pois é, infelizmente só há 2 alternativas aqui, ou fazer isso que eu acabo de dizer, ou sumir de vez... E como eu não tenho planos de abandonar meu blog, por mais displicente que eu seja, o jeito é passar óleo de peroba na cara e seguir em frente! No início do ano eu prometi para mim mesma (e para alguns amigos também) escrever mais vezes aqui, no mínimo 1 vez por mês, porém não foi possível escrever como eu pretendia... Mas ainda bem que o ano tem 12 meses, neah?? XD (aquela que tá tentando melhorar a sua situação, que não é das melhores...) Afinal, como diz o ditado, antes tarde do que nunca! E quando eu dou a minha palavra, mesmo que eu não tenha dito nada a ninguém, eu cumpro. (Mas não me peçam um prazo para isso, aí é querer demais da minha pessoa!)

Juro que não foi por falta de querer que eu não escrevi nada nesse interím... Como eu já disse antes aqui, falta de tempo e organização do mesmo são problemas constantes na minha vida (podem chamar de teoria da conspiração, mas eu seriamente desconfio de que os dias andam mais curtos, não é possivel, quando eu era criança o tempo demoraaaava a passar! >.<). Mas talvez por ser perseverante (ou cabeça-dura, ainda não sei bem qual dos dois...), eu vou tentar DE NOVO cumprir essa minha promessa de ano-novo, e escrever mais vezes nesse humilde Blog sobre o Japão. Assunto sobre o Tsunami e o terremoto é o que não falta nas mídias comuns, por isso não pretendo ficar falando só disso. Mas SE algum dos meus seis leitores insistir para eu escrever sobre esse tema eu escrevo! XD De qualquer maneira sempre haverá oportunidade de se falar dessa tragédia, afinal o trabalho de reconstrução do país continua. Com certeza volta e meia falarei disso. Fora o tema tsunami, nesse meio tempo (5 meses desde a última postagem), muitas coisas rolaram: o verão chegou e já está indo embora (isso me lembra que eu tenho que terminar o post sobre as quatro estações, disfarça... O.o); comecei um emprego novo, já saí dele e voltei para o velho (aff); apareci da tv (sim, de novo, eu tenho que falar sobre isso também em algum momento! XD); e até conheci, no Brazilian Day de Tóquio, a Banda BLITZ (aquela de "Estou a Dois Passos do Paraíso), coisa que definitivamente eu TENHO que contar!!! (O que? Você não sabe quem são os caras?? Ah, pára de ler meu blog e vai ler fofocas sobre o Justin Bieber, vai! =P) Tratarei de comentar aqui sobre isso tudo, e no menor espaço de tempo possível. Mas é isso, esse post de hoje é só para avisar que "I'll be back", como diria o T-800 (que o meu filho tanto ama!). Amanhã tem post novo (eu disse amanhã??? Devo estar louca de fazer mais promessas, argh!! >.<); por isso, meus queridos 6 leitores (incluindo mamãe, que faz parte desses 6! XD), podem aguardar ansiosos, pois promessa é dívida! E dívida vocês sabem, né: devo, não pago, nego enquanto puder! (brincadeirinha, brincadeirinha!!!) E como diriam os japoneses: Yakusoku neee! (Isso é promessa!)