segunda-feira, 11 de abril de 2011

15# E 1 mês se passou...

Japão, dia 11 de março de 2011, 2:46 da tarde. Uma data e uma hora que ainda hão de ficar por muito tempo na memória não só dos japoneses mas de muitos tantos estrangeiros que estavam no país nesse fatídico dia, principalmente daqueles que sentiram na pele os acontecimentos extraordinários que tiveram início exatamente aos 46 minutos das 14 horas. O Grande Terremoto de Tohoku (nordeste), seguido de uma tsunami devastadora que vitimou milhares de pessoas, e de uma crise nuclear ainda sem solução definitiva não é novidade nenhuma a essa altura do campeonato, porém, em se tratando de um blog sobre o Japão, eu não poderia me isentar de falar sobre o tema, até porque sei que os que acompanham este humilde blog aguardam minhas linhas sobre a tragédia do ano há 1 mês. E em 1 mês muitas coisas acontecem. Peço perdão primeiramente por não ter postado absolutamente nada no blog desde então. Como desculpa (porque eu SEMPRE tenho que ter uma desculpa, acho que está no meu DNA tupiniquim) tenho a meu favor a: falta de tempo - imaginem que eu tive que manter constantemente informada MUITA gente querida no Brasil, além de manter informada a mim mesma com os noticiários sobre a situação da usina nuclear; a falta de equilíbrio psicológico para tal, pois não é todo dia que você tem o *privilégio* de ver a história ser escrita na frente dos seus olhos e você estar tipo ali no meio assistindo de camarote =/; e por último a falta de tempo de novo XD, pois nesse interím eu tratei de me esconder no sul por 2 semanas, aproveitei para passear e espairecer a mente (tava precisando!), e agora que estou de volta comecei um trabalho novo que me mantém beem ocupada. Mas eu pretendo ainda comentar sobre isso tudo, mais adiante.

E depois de 1 mês, o que ainda resta para dizer? Bem, eu não sou repórter e nem tenho como ir lá para o norte para trazer minhas impressões 'in loco'. As notícias eu deixo para os meios de comunicação. Mas o que eu posso dizer é como foi essa experiência para MIM, o que eu vi nas ruas, o que eu senti e o que eu ainda sinto, pois passou-se um mês mas o problema ainda persiste. Hoje mesmo, estranhamente no 'aniversário' da tragédia tivemos um grande número de abalos sísmicos, alguns bem fortes até, cujo epicentro foi na mesma área do grande terremoto de 11 de março. Quando o primeiro (e mais forte deles) veio eu estava com meu filho na sorveteria, quando percebi o tremor e "saí pra fora", literalmente! Fui para a o estacionamento a céu aberto do supermercado ao lado da sorveteria, e notei que muitos outros japas foram também. Ninguém com cara de pânico ou falando alto sobre o terremoto, simplesmente estavam lá, mexendo alguns em seus celulares, esperando o tremor passar assim como quem espera um ônibus chegar. Depois que passou as pessoas se dispersaram e eu fui fazer minhas compras. Já o sorvete acabou 'dançando', para infelicidade do meu filhote...

Mas esse tremor de hoje nem foi muito forte não, tampouco o do mês passado eu senti tão forte assim, apesar de ter sido o mais forte que já senti (deste falarei melhor no próximo post). É um pouco complicado explicar a sensação de um terremoto, o chão treme de um lado para o outro, acho que como se fosse uma atração de um parque de diversões aonde o chão é instável e não aquela coisa imóvel ao qual estamos acostumados, quase como se isso fosse uma verdade inexorável. E é exatamente porque o "chão imóvel" parece uma verdade inexorável é que nos sentimos perdidos quando percebemos que não, ele não é! Literamente nos sentimos "sem chão", e isso não tem a intenção de ser um trocadilho infame. Eu me sinto como se estivesse numa caixa e um gigante resolvesse brincar de sacudir a caixa comigo lá dentro. Ainda bem que até hoje o meu "gigante" tem sido bonzinho e sacudido só um pouquinho a caixa, porque nem quero imaginar o que seria o "chacoalhão" que as pessoas do norte do Japão sentiram no mês passado... Por isso, graaaças a Deus, eu vou ficar devendo essa no blog.

Então como vocês podem ver, não é porque o espaço dedicado ao assunto diminuiu no noticiário que as coisas já estão resolvidas. Temos ainda uma longa estrada pela frente. E quando eu digo "temos", apesar de não ser japonesa eu me incluo sim nesse grupo, afinal eu vivo aqui, sou cidadã do Japão agora e na medida do possível pretendo fazer o que tiver ao meu alcance para ajudar a esse país que me acolheu e me é tão querido a se reerguer. E sinceramente? Que diferença faz não ser japonês para ajudar, ou no minímo se importar? As pessoas gostam muito de separ tudo em grupos e rotular, mas acho que o problema no Japão é de todos nós, pois independentemente do país em que se esteja, no final das contas somos tripulantes de um mesmo barco chamado Terra. O que me deixa feliz é ver a mobilização mundial de solidariedade ao Japão, como poucas vezes visto antes. (Isso até me lembra o final da HQ/filme "Watchmen"... mas sobre isso não vou me estender não senão vira spoiller pra quem não leu/viu!)

Enfim, acho que eu tenho muito o que falar, por isso falarei a prestação. Fico por aqui hoje, mas me esforçarei para escrever em breve um pouco mais.

É isso, aguardem e confiem! E para aqueles que tem fé em seus corações, não custa nada ter um espacinho dedicado em suas orações para o Japão! =) Como ficou mundialmente conhecido o movimento na internet, deixo aqui o meu pedido para vocês de #PrayForJapan!

p.s: entre um post e outro sobre o terremoto e afins pretendo ter posts sobre outros assuntos, senão aí mesmo é que o Feijão com Sushi e Tango vai virar o Repórter Esso Nipônico!

p.s.2: A árvore da foto do topo é um pinheiro solitário, que sobreviveu ao tsunami que devastou tudo a sua volta, incluindo a floresta com outros pinheiros. Ele acabou tornando-se um símbolo de esperança, que com suas fortes raízes conseguiu manter-se de pé e não deixar ser vencido pela força das águas do maremoto. Lindo, não? ^^